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segunda-feira, 6 de junho de 2016

Existência e Não-Existência

Texto de www.vedantaonline.org
nāsato vidyate bhāvo nābhāvo vidyate sataḥ ।

ubhayorapi dṛṣṭo’ntastvanayostattvadarśibhiḥ ॥ 2 – 16 ॥

Este verso de ensinamento de Krishna para Arjuna, presente na Bhagavad-Gita, é a prova final de que ler Vedanta sem a explicação de uma tradição de ensino é tão produtivo quanto enxugar gelo. É uma perda de tempo frustrante.

E isso não se deve ao fato de que o verso está em sânscrito. Mesmo em português ele é ininteligível. Parece que foi Shankaracharya, se não me falha a memória, que disse que uma pessoa não deve ousar estudar Vedanta sozinho, mesmo que seja um grande gramático.

Vejamos porque isso é de fato verdade. A primeira linha do verso diz, em português: “Para o que não existe (asataḥ) não há (na vidyate) existência (bhāvaḥ), e para o que existe (sataḥ) não há (na vidyate) não-existência (abhāvaḥ)”. Trocando em miúdos: o que não existe não existe, e o que existe existe!

Em lógica, isso é chamado de tautologia, uma redundância que nada diz. Como você iria entender alguma coisa nova sobre esse verso simplesmente lendo-o? Nada, absolutamente Podem até acusá-lo de ser bobo, infantil. Todos sabemos que o que existe existe e o que não existe não existe.

Acontece que Krishna está ensinando algo muito importante nesta passagem, praticamente tudo o que há para ser entendido sobre Vedanta. Ele está falando sobre satyam e mithya.

Satyam, verdade, significa aquilo que sempre é, existindo por si mesmo e independente de qualquer outra coisa para ser. Mithya, ao contrário, é o falso, aquilo que existe apenas momentaneamente e, mesmo nessa efêmera existência, deve sua existência a alguma outra coisa que lhe empresta, digamos assim, o ser.

O exemplo clássico para entendermos isso é o pote de barro. O pote é mithya: foi criado num dado instante do tempo a partir do barro, irá certamente se desintegrar com o passar do tempo “voltando” a ser barro e, mesmo enquanto está existindo, exposto na feira hippie do barro, sua existência é somente a existência do barro: o peso do pote é o peso do barro. A cor do pote é a cor do barro. A textura do pote é a textura do barro, e assim por diante. Nada pertence realmente ao pote. Ele é só uma existência aparente, um nome; um conceito para o qual não existe nada de substancial associado.

O barro, por sua vez, existia antes do pote ser criado, existe durante a permanência do pote, e continuará sendo o mesmíssimo barro depois que o pote quebrar. O barro, com relação ao pote, é satyam.

Krishna diz a aparente tautologia que “para o que não existe não há existência” porque nós, ignorantes em termos de realidades, achamos que o pote ou qualquer outra coisa que vemos existe, tem realidade. Isso é errado, porque o pote que dizemos existir nunca possuiu de fato existência alguma: o que existiu foi sempre e somente o barro. Atribuir existência ao pote é um erro ontológico, um erro de visão da realidade.

Curiosamente, entretanto, como a fala expressa nosso entendimento, falamos de forma invertida, dando a entender que o pote é uma substância e o barro, a verdadeira substância, é um atributo do pote substancial. Dizemos “pote de barro” quando, na verdade, se fôssemos ser ontologicamente rigorosos, deveríamos dizer “barro de pote”, ou qualquer coisa assim.

Mas, afinal, por que Krishna está falando essas coisas, logo no começo da Gita? Porque Arjuna não queria lutar, dizendo que iria matar, que iria morrer. Ele não queria cometer essa ação terrível. Krishna, portanto, está lhe explicando: “Ei, Arjuna, me escute: aquilo que morre já não possui existência alguma, já está “morto”. E, quanto ao que realmente existe, não se preocupe: você não será capaz de matá-lo nem mesmo com as suas infinitas flechas encantadas com o poder de terríveis mantras. Por isso, vá lá e lute, cumpra o seu dever e pare de imaginar coisas!”

A segunda parte da fala de Krishna diz: “E para o que existe (sataḥ) não há (na vidyate) não existência (abhāvaḥ)”. Se algo pode deixar de existir no futuro, isso significa que ele não existe mesmo agora, como o pote. O que existe, existe sempre, nos três períodos de tempo i.e., passado, presente e futuro. “Nunca houve um tempo em que nós e todos estes reis aqui presentes não existiram, Arjuna. E nunca haverá um tempo em que eles não existirão” – diz Krishna, a certa altura, para inspirar o seu aluno guerreiro.

É claro que Krishna não está falando, na passagem citada, do corpo, que está destinado à morte certa assim que nasce. Para o corpo, que não existe, nunca há existência. Krishna está apontando para a natureza do indivíduo, aquilo que nunca se modificou e é o responsável pela própria identidade de uma pessoa, pela sua noção inalterada e sempre presente de “eu”.

Quando você se reconhece em uma foto antiga, de 20 anos atrás, quando era uma criancinha gorducha e feliz, você diz: “Ah, como eu era bonitinho. Tenho saudade daquela época”. Obviamente, para se identificar com aquele corpo de criança completamente diferente do corpo que você tem agora, existe algo que não mudou durante a mudança completa do corpo durante as décadas. Esse eu – que nunca desaparece e que é a testemunha imutável de todas as modificações – esse eu não pode matar, porque é mais sutil do que tudo. “O fogo não pode queimá-lo, nem o ar secá-lo, nem a água molhá-lo” (2-23) – diz Krishna, porque a consciência, natureza do eu, permanece sempre intocada, sendo a base real da qual tudo deriva existência, assim como o barro é a base real da qual o pote deriva seu suposto ser, de modo que o pote – por mais que quisesse do fundo do seu coração e contasse com a ajuda total e irrestrita de todo o panteão de Deuses hindus e não hindus – não pode tocar o barro ou ameaça-lo sob nenhuma hipótese. Tal é a independência do sujeito com relação a tudo que “existe”. Tal é a sua liberdade e a sua grandeza.

Portanto, tendo essa visão da realidade, logo no primeiro verso de ensinamento Krishna estabelece o postulado que provará de trás pra frente e de frente pra trás, durante toda sua fala, até o final da Gita: “ashocyan anvashocastvam – você sofre por aquilo que não merece sofrimento, Arjuna” (2-11), porque quem conhece sabe: “Quando o corpo morre, o eu não morre (2-20)”. Nada morre ou deixa de existir. O que existe, existe, e não deixará de existir, e o que não existe, não existe, e nunca virá a existir. Qual é, então, o problema? Apenas lute!


Retirado em 27/04/16 de https://www.vedantaonline.org/existencia-e-nao-existencia/

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Os 5 estados da mente

     Segundo os Yoga Sutras de Patanjali Yoga é a inibição das flutuações mentais, ou seja:

"YOGA CHITTA VRITTI NIRODHAH"
Yoga Sutra 1:2

Chitta: Consciência
Vritti: Padrão circular, vórtice, ondulação
Nirodhah: Reter, cessar, restringir, pausar, bloquear

     Não existe uma maneira de cessar completamente as atividades mentais, mas existe como deixar estas atividades bem diminuídas. Conheça os 5 estados da mente (Chitta):

1- Kshipta: Mente inquieta, agitada. Neste estado existe uma predominância de RAJAS, a pessoa é incapaz de raciocinar, ouvir ou ficar calma, quieta. Se compara a um celeiro cheio cujas portas se arrebentam e os animais fogem sem rumo algum ou organização, assim são os seus pensamentos neste estado.

2- Mudha: Mente iludida, inerte e desatenta, devido ao excesso de TAMAS, a informação parece não chegar ao cérebro. Neste estado é onde você "perde" as coisas que estão na sua mão, ou seu óculos na cabeça.

3- Vikshpta: Mente distraída, intermitente, recebe as informações mas nem sempre é capaz de processá-las. Neste estado começa a ter a presença de SATTVA com influência de RAJAS. Neste estado o YOGA começa a ser possível.
     
4- Ekagra: Unipontual, concentrada, mente relaxada (mas não sonolenta). SATTVA começa a ser mais presente, a pessoa consegue focar e prestar atenção, podendo meditar. Uma boa prática ou aula de Yoga pode levar a mente a este estado.

5- Niruddha: Mente controlada, focada, sem distrações. Este estado pode ser alcançado na meditação ou quando a pessoa está absorta em alguma atividade. Neste estado não existe mais o domínio de nenhum guna, este estado está além dos gunas (Gunatita).

     
    Todos nós já sentimos estes três estados, B. K. S. Iyengar usava estes estados na prática de asanas, percebendo qual estado aquele asana promovia, tentando chegar sempre ao último estado.

    O objetivo do Yoga é promover os estados mais conscientes, e assim sua mente fica mais tranquila, sua respiração mais tranquila, suas ações mais retas e muito mais.


Boas práticas!

Juliana Romera

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Obstáculos da prática

"Os obstáculos são as distrações da mente causadas por: enfermidade,
apatia, dúvida, falta de entusiasmo, indolência, apego ao prazer, percepção errada.
instabilidade para praticar e manter a concentração.

Os sintomas da dispersão mental são o sofrimento, o desespero,
o nervosismo e a respiração irregular."
(Yoga Sutras 1:30-31)


     Patanjali traz nestes dois sutras os obstáculos da prática e o que estes obstáculos causam. Provavelmente todos os praticantes de YOGA se encaixam nestes obstáculos em algum momento, variando entre eles, tendo um ou mais deles em cada momento. O que nos mostra que o caminho é para todos, e os obstáculos são os mesmos para todos também. 
     
     A disciplina ajuda a contornar estes obstáculos, se você se deixa dominar por eles, sua prática fica extremamente irregular, e cada vez que você vence um deles, sua prática ganha mais força e constância. Quanto antes você perceber que está caindo nas armadilhas destes obstáculos, mais rápido você retorna às práticas, então a auto observação é a chave da questão.

     Observe que o segundo sutra escrito acima mostra o que você sente ao se deixar levar pelos obstáculos, e isso vai virando uma bola de neve, gerando mais obstáculos, mais frustrações, aí vem a apatia, você começa a se questionar ou se deixa levar pelo prazer, aí você sofre de novo... e assim vira esse círculo vicioso.

     Quanto mais você se afastar do caminho, mais difícil voltar para ele, então evite períodos longos sem prática, mesmo que seja uma prática curta, simples, todos passamos por momentos de instabilidade, mas não vivemos neles.

     Que tal praticar agora?

Jaya Ganesha

Juliana Romera

segunda-feira, 2 de março de 2015

Porque beber água morna com limão pela manhã?

   
     O jeito de inciar o dia é extremamente importante. Independente se você tem muito ou pouco tempo pela manha , aquilo que você faz pela manha pode ter grande impacto no seu dia.

     De acordo com a Medicina Ayurvédica, um dos sistemas medicinais mais antigos da humanidade, as escolhas que você faz diariamente podem te deixar muito doente ou muito saudável. Basicamente somos um produto das nossas escolhas e dos nossos hábitos.

     O Ayurveda nos convida a começar o dia focando em rituais de saúde que nos ajudam a alinhar os ritmos do corpo, balançar os nossos doshas e alimentar a nossa auto-estima par a par com a nossa disciplina. Eliminar o ontem para começar o hoje, realizar limpezas internas, físicas e mentais.

     A sua mente pode te mandar checar e-mails, facebook, ficar até o último minuto na cama e se arrumar correndo e ir para o trabalho correndo mais ainda, ou até te dizer que você não tem tempo suficiente para cultivar rituais matinais. Porém, se você tirar tempo para fazer este único ritual, sua saúde pode melhorar muito em geral... Uma dica extremamente rápida e muito valiosa:


INICIE SEU DIA COM UMA XÍCARA DE ÁGUA MORNA COM UM LIMÃO ESPREMIDO !


Conheça alguns dos benefícios deste simples ato:

1. Fortalecer o sistema imunológico
     Limões são ricos em vitamina C e potássio. Vitamina C é fantástica em dar golpes em gripes e resfriados e o potássio estimula funções cerebrais e nervosas, além de controlar a pressão sanguínea.

2. Ajuda a equilibrar o PH corporal
     Limão é um alimento altamente alcalinizantes, acredite ou não. Eles podem ser ácidos por si sós, mas quando entram no nosso corpo, eles viram alcalinos. Para um estilo de vida saudável, um corpo alcalino é uma grande arma para manutenção de uma boa saúde. Inclusive na cura e prevenção de câncer.

3. Auxilia na perda de peso
     Limões são ricos em pectina, que ajuda a combater a vontade de comer descontroladamente. Estudos também mostram que pessoas que mantém uma dieta mais alcalina perdem peso mais rápido.

4. Ajuda na digestão
     A água morna estimula o sistema gastrointestinal e o peristaltismo (movimentos que acontecem dentro do intestino, ajudando na eliminação). Limões são ainda ricos em minerais e vitaminas que ajudam a eliminar toxinas do sistema digestivo.

5. Atua como um diurético gentil e natural
     O suco de limão ajuda a eliminar todos as toxinas e de que o corpo não necessita, porque os limões aumentam a capacidade de urinar do corpo. Esse lixo tóxico são liberadas mais rapidamente, mantendo o sistema urinário saudável.

6. Limpa a pele 
     A vitamina C ajuda a diminuir rugas e manchas. A água com limão expulsa toxinas para fora do sangue auxiliando também nessa limpeza.

7. Hidratação do sistema linfático
     Uma xícara de água morna com limão ajuda a começar o seu dia prevenindo a desidratação. Quando seu corpo esta desidratado ele não consegue funcionar direito, o que acaba causando acumulo de substancias toxicas, stress, constipação, e outros. Causa ainda fatiga das glândulas supra renais, que são duas pequenas glândulas que ficam acima dos seus rins, e que junto com a tireoide, criam energia. Elas secretam hormônios importantes, incluindo o aldosterona. O aldosterona, é um hormônio que é secretado pelas glândulas que controlam os níveis de água e a concentração de minerais, como o sódio, ajudando o seu corpo a se manter hidratado. Elas ainda são responsáveis por regular suas reações perante situações de stress.


Adotando esta simples habito de beber um copo de água morna com limão diariamente por um mês , pode mudar radicalmente sua experiência diária. Não se surpreenda se suas manhas se encherem de disposição e energia.


RECEITA:
1 xícara de água morna (não quente) e suco de meio limão.
Dê preferência em aquecer a água no fogo e não no microondas.


Juliana Romera
www.yoganoabc.com

Traduzido em 02/03 de: 
http://www.mindbodygreen.com/0-4769/Why-You-Should-Drink-Warm-Water-Lemon.html

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Erros que devem ser evitados na prática de Yoga

     Podemos praticar Yoga há um certo tempo, e como sabemos se a prática está nos beneficiando? Como sabemos se estamos aproveitando ao máximo nossa prática? Tendemos a colocar a prática no piloto automático, achando que por já "saber" realizar o asana, ele não precisa de tanta atenção. Esse é um erro muito comum, e todo praticante já deve ter passado por isso. Esse piloto automático tira nossa consciência da prática, física e energeticamente.

     Com a consciência total na prática, evoluímos sempre, como dizia Iyengar, o ponto que você parou ontem, deve ser como você inicia hoje. Veja alguns erros comuns, que tiram essa consciência da sua prática. Se observe e melhore seu yoga.

1- Mente que divaga
Mantenha sua atenção na prática. É comum a mente divagar durante ela, mas você deve se policiar com isso. Uma prática consciente te proporciona um outro estágio de prática, diferente de apenas alongar e fortalecer os músculos, o que acontece quando você faz os asanas sem atenção total.

2- Prática inconstante
Citando Patanjali nos Yoga Sutras (1:14) "A prática se torna firme quanto for praticada ininterruptamente e com devoção por um período prolongado". O Yoga deve ser praticado, sem esperar resultados, a prática constante trás benefícios muitas vezes invisíveis. Procure manter uma rotina constante, mesmo que pequena.

3- Passar dos limites
Os asanas utilizam seu corpo, e este tem limitações (temporárias ou não). A pratica consciente te proporciona saber onde está sua limitação real, e você "melhora" sem passar do ponto e se machucar. Observar-se na prática trás esta consciência, porém ela requer os dois passos anteriores, eu preciso praticar constantemente e conscientemente, para entender meu corpo. Enquanto você não tem este conhecimento do seu corpo, muitas vezes menos é mais.

4- Se comparar
Lembre-se que a prática é pessoal e que cada corpo é um corpo. Comparar-se com os outros alunos é o pior erro, que induz a duas situações desfavoráveis ao yoga: ou você se rebaixa, vendo que os outros são "melhores" do que você e às vezes até desiste do yoga, ou você se sente melhor do que os outros, fazendo seu ego cair nesta armadilha. Em ambas as situações não existe consciência na prática. Se você está observando o asana alheio, você não está observando o seu.


"Pratique e tudo virá!" (Pattabhi Jois)



Juliana Romera



domingo, 25 de janeiro de 2015

Alinhamentos de Iyengar

   
Já é conhecido de todos os praticantes os alinhamentos na prática de Iyengar Yoga, principalmente do alinhamento do corpo nos asanas. Estes alinhamentos tem sua razão física, de evitar lesões, deixar a postura mais confortável, mais firme, alongar o corpo mais anatomicamente, e outros. Porém o alinhamento vai além do corpo.

     No início, pensando na prática mais física, os alinhamentos servem para direcionar o praticante à postura mais correta, no sentido não estético, e sim de correções anatômicas. Um joelho desalinhado em virabhadrasana II pode provocar lesões, entender as ações de alinhamento em posturas de equilíbrios, pode ser a diferença entre fazer e não fazer a postura, etc.

     Porém os alinhamentos vão um pouco além disso. Nós somos constituídos de diferentes corpos, diferentes camadas (como uma cebola), que são denominados Koshas. Temos nosso corpo físico, mais denso que é o corpo propriamente dito. Trabalhar com este corpo é mais fácil, mais acessível, e é com este que conseguimos trabalhar com mais facilidade.

     Depois temos um corpo sutil, de energia, de prana (Pranamayakosha). Apesar de serem dois corpos com materiais diferentes (na verdade com diferentes densidades) eles estão interligados. O que acontece em um se reflete no outro. É aqui que o alinhamento atinge um outro nível de importância. Para a energia fluir livremente, ela não pode ter obstruções, e os alinhamentos no corpo físico, desobstruem o caminho da energia no corpo mais sutil, otimizando este fluxo.

     A respiração, ou os pranayamas, está ligada ao prana, e percebemos que nossa postura pode afetar e muito. Se estamos com a coluna desalinhada, o peito "fechado", o diafragma "contraído" a respiração não flui, agora quando expandimos a caixa torácica e desobstruímos o caminho da respiração, ela flui livremente.

     Ao alinhar o corpo para criar equilíbrio físico e espaço interno maior, você pode aquietar e aprofundar a respiração, reduzir a quantidade de energia que você usa, e ter mais energia à sua disposição. Todo mundo quer mais energia. O alinhamento é a chave.

Boas práticas!!



Juliana Romera
www.yoganoabc.com







terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Lições de desapego de B.K.S. Iyengar

Desde BKS Iyengar morreu, esta tornou-se uma das minhas citações favoritas. E a cada dia que passa, eu sou mais grato a ele por um bom exemplo de uma vida feliz e uma morte majestosa.
Sim, ele poderia olhar ameaçador. Sim, ele gritou em sala de aula. Mas ele não era um homem irritado. Ele era travesso. Ele assumiu seu papel como o durão do professor tradicional indiano e jogou-o ao máximo, impaciente, frustrado pela incapacidade dos seus alunos de entender imediatamente o que ele ensinou.
Mas qualquer um que tenha lido Diretrizes Básicas para Professores de Yoga , uma publicação RIMYI partir de 2002, vai ver uma atitude diferente:

"Depois da aula, o seu dever de casa é entender por que o aluno não está recebendo o asana. Você tem que refletir sobre os seus problemas. Pensar e repensar. E em seguida, trabalhar em seu próprio país. Desta forma, você vai achar que os alunos melhoram à medida que a qualidade de sua prática no ensino melhora."
"Externamente tratar seus alunos como estudantes, mas tratá-los internamente como enviado de Deus. Você está aprendendo, ajudando-os. Eles fazem você entender e você deve dar-lhes respeito ".
Ele viveu o seu próprio conselho, sem parar, sempre encontrando novas maneiras de transmitir conhecimento. Ele criou um corpo de trabalho que nunca foi estático, porque ele estava sempre ensinando novas ações, novos caminhos de meditação, novas adaptações para nos levar tão profundamente nos asanas que seria capaz de se conectar ao nosso verdadeiro eu.
Quanto mais tempo ele vivia, mais feliz ele parecia ser.
E então veio a majestosa morte: clareza até o final, e nenhum sinal de que ele havia mudado de idéia dos dias em que ele dizia: "quando a morte vem eu vou recebê-la."
A morte pode ser a última oportunidade para a prática de "deixar ir", mas também deu ao Guruji, uma lição muito mais pública em aperfeiçoar a arte de perder.
Assista a um vídeo dele demonstrando a sua prática, quando ele estava em seu auge, em qualquer lugar de 20 a 80, e você vai ver como ele era capaz, o que mostra surpreendentemente que ele podia fazer.
Depois, gradualmente, ele a soltou, e não da prática, mas do trabalho de asanaa que já não era possível para ele. Um Sirsasana de 45 minutos com variações completos tornou ~Sirsasana na parede, em seguida, Sirsasana nas cordas, então Sirsasana com o apoio da trestler, um cavalo de madeira utilizados no trabalho de Iyengar.
Totalmente apoiado, ele ainda fez backbends surpreendentes. E ele estava presente em cada pose completamente, não duvidando de atenção, sem perda de consciência. Sua prática permaneceu meditação em ação, realizada com a alegria e gratidão de alguém que disse a famosa frase: "O corpo é meu templo, asanas são minhas orações."
À medida que envelhecia, ele soltou o que ele já não poderia fazer, mas sempre fez o máximo que podia. Ele nunca desistiu, nunca disse: "Estou velho demais para praticar." Em seus últimos anos, ele usou um elevador para chegar à sala de prática, porque ele não poderia subir as escadas, mas ele estava lá todos os dias. Sempre praticado com seus alunos. Ele nunca escondeu suas perdas. Ele continuou, dia a dia, fazer o máximo que pôde, com humildade e gratidão.
Eu penso sobre minha prática, posturas que me dediquei para conseguir realizar, hoje por algumas lesões já não posso mais. Será que é hora de eu parar de tentar? Para aceitar que eu só vou fazer a pose completa com um ajudante? Logicamente, haverá uma última vez para cada pose. Tenho muitas preparações posso trabalhar, maneiras de praticar que vai me manter forte.
Alguns asanas posso ensinar mas não demonstrar, poderei ser honesto e dizer: "este asana não sou mais capaz de realizar?" Se a idade de Guruji diminuiu sua prática extraordinária de asana, em seguida, certamente irá diminuir a minha.
Serei sempre grato por ter encontrado o trabalho de Guruji, este método de interrogatório rigoroso, de crescer interiormente através de explorar as asanas.
Eu suspeito que o passar dos anos eu posso ser ainda mais grato pela sua lição de como a render-se conscientemente para a realidade de um corpo de envelhecimento, enquanto viver feliz, e apontando para uma morte majestoso.


Retirado e traduzido de:
http://myfiveminuteyoga.com/5289/lessons-in-letting-go-from-b-k-s-iyengar/

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

UTTANASANA - Variações

Uttanasana pode ter diversos modos diferentes de ser executado para você se aprofundar no asana, melhorar sua consciência e também seu alinhamento.

Utilizar o bloco entre as coxas
Flexione ligeiramente os joelhos, posicione o bloco entre as coxas, leve as mãos no chão e pressionando o bloco estenda devagar os joelhos. Faça estas duas ações ao mesmo tempo, pressionar o bloco e estender os joelhos. Você sentirá um trabalho da parte interna das coxas, parte que muitas vezes é deixada de lado e o peso do corpo acaba indo para as bordas externas dos pés e, consequentemente, das pernas. 
Os pés devem estar em TADASANA no chão, com o peso bem distribuído.










Apoiar as mãos sobre os blocos
Caso sua maior dificuldade seja o encurtamento da musculatura posterior do corpo (pernas, costas, ombros), experimente manter as mãos elevadas (apoiadas nos blocos), pois assim você consegue manter o alinhamento das costas. Com a melhora do alongamento você pode deitar os blocos para o apoio ficar mais baixo, até retirá-los. Nesta posição, gire os ombros para trás, unindo suas escápulas, e direcione os ísquios para o teto, sentindo não só o alongamento das pernas, mas também um trabalho nas costas.










Manter os joelhos flexionados
Flexione um pouco os joelhos, aproximando o tronco das coxas, mantendo as costas alinhadas (ombros girando para trás, escápulas unidas e ísquios para cima), e à partir da ação de direcionar os ísquios para o teto tente estender os joelhos, sem perder o contato do tronco nas coxas. 
É uma forma bem interessante de entender o alinhamento final da postura, e melhorar a flexibilidade.













Fotos e sugestões de ajustes retirados de 
http://www.yogajournal.com/slideshow/achieve-uttanasana-safe-way/#slide-1

Texto adaptado por Juliana Romera

domingo, 21 de setembro de 2014

A utilização de PROPS

Muitas pessoas associam o uso dos PROPS (ou os acessórios utilizados em aulas baseadas no método do Iyengar) à uma facilitação na execução das posturas, porém nem sempre o objetivo é este.

O uso destes objetos é muitas vezes mais pedagógico do que qualquer outra coisa. Se o objetivo deste método é manter os alinhamentos do corpo, às vezes eles não são possíveis na condição física do praticante.

Se o seu alongamento posterior ainda não te permite manter as costas alinhadas no Uttanasana, apoiar as mãos nos "bloquinhos" pode te colocar no alinhamento correto, e aos poucos, com a melhora do alongamento e, principalmente, da consciência corporal, suas mãos chegam ao chão. Ao mesmo tempo, um praticante com um bom alongamento também pode utilizar o bloquinho desta forma para melhorar o seu alongamento, fazer algum ajuste mais refinado, alinhar as costas, ou qualquer outro objetivo. Ou seja, neste caso o bloquinho é um educador, e não um possibilitador.




Em muitos outros asanas, podemos utilizar os PROPS para "dificultar" a sua execução, para que o praticante leve mais consciência para determinada ação ou ajuste. E assim, ao permanecer neste ajuste, quando os PROPS são retirados, a consciência na postura melhora, e ela será realizada com mais ação e atenção. 

O Iyengar sempre defendeu que o YOGA é para todos, e os PROPS também vem com essa função, eles são possibilitadores, e nem sempre facilitadores.

Utilize os PROPS de diferentes maneiras, e você perceberá suas inúmeras funções, porém não fique dependentes deles.

domingo, 14 de setembro de 2014

Os 3 Gunas

Os Gunas são qualidades ou atributos de toda a manifestação (prakriti), e são eles: Sattva, Rajas e Tamas.

Sattva é a qualidade do equilíbrio, pura, iluminadora, e leva à lucidez e à serenidade mental.

Rajas é a qualidade da ação, mobilidade, atividade, torna a pessoa ativa e energética.

Tamas é a qualidade da inação, da inércia, da escuridão, de ignorância e torna a pessoa inerte.

Todas as nossas ações, pensamentos e emoções são influenciadas pelos gunas, nossa mente vai da inércia para a ação (passando pelo equilíbrio) o tempo todo.

Manter uma mente Sattvica não é tarefa fácil, pois não é difícil nós irmos muito para o extremo da ação, da superatividade e depois afundarmos na inércia, na inatividade, letargia, e fica cada vez mais difícil encontrar e se manter próximo de Sattva, do equilíbrio.

Se ao observarmos nossas ações e entendermos que há momentos que Rajas deve atuar, porém ao terminar a ação necessária, deveríamos tentar voltar para o centro, não nos distanciaríamos tanto do ponto de equilíbrio.

Toda excitação quando acaba vai para uma depressão, e assim acabamos ficando sempre variando de um extremo ao outro, passando rapidamente pelo equilíbrio, sem conseguir permanecer nele.

Imagine uma linha reta feita com um material elástico, essa linha seria Sattva. Quando precisamos de ação (rajas) é como se puxássemos esse elástico para o lado de Rajas, quanto mais puxar esse elástico para longe da linha do centro, quando a ação terminar e o elástico for solto ele passará com força pelo centro e irá para o outro lado da linha (tamas) na mesma proporção.

Para evitar um pouco esse movimento, devemos pensar mais em nossas ações, e nos distanciarmos cada vez menos do centro, e assim fica mais fácil voltar para ele.

Pense nos gunas em tudo que você fizer, sentimentos, ações, emoções, asanas, relacionamentos, etc, TUDO é regido por eles, então sua observação deve ser global.

"SATTVA adere à felicidade, RAJAS à ação, enquanto TAMAS
verdadeiramente encobrindo o conhecimento, adere à negligência"
Bhagavad Gita (14:9)



Juliana Romera