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domingo, 9 de agosto de 2015

Yoga e Controle

Na cabeça das pessoas a palavra yoga está, em geral, associada de alguma maneira ao conceito de controle, de forma que, quando se pensa em yoga, se pensa em controle do corpo, controle da respiração ou controle da mente. No entanto, a palavra controle nos dá inevitavelmente uma ideia errada sobre a disciplina de yoga, que está muito mais ligada a uma observação amorosa e inteligente do que a uma rigidez controladora.

A ideia de controle associada ao yoga não é, contudo, um mero erro fortuito. A definição de yoga na principal escritura de yoga, o Yogasutra de Patanjali, diz que yoga é nirodha das atividades mentais (yogah citta-vrtti-nirodhah), sendo que o significado mais imediato de nirodha é mesmo controle ou supressão. Mas nirodha, como veremos neste artigo, também pode ter outro significado, muito mais adequado à definição de yoga.

A grande fantasia das pessoas é a fantasia do controle. A fantasia dos pais é controlar os filhos; a fantasia do patrão é controlar o empregado; do marido, controlar a mulher, e vice-versa; do governo, controlar o cidadão; do professor, controlar o aluno; da indústria, controlar o consumidor, e assim por diante. Quando nos deparamos com yoga, a mesma fantasia naturalmente entre em cena: o yogi quer controlar sua mente.

O controle, contudo, é apenas uma fantasia da mente humana. Ninguém controla nada. Não controlamos o mundo, por mais que o avanço da tecnologia nos faça acreditar nisso. Não controlamos as outras pessoas. Você não tem sequer controle sobre o seu próprio corpo; se tivesse, não deixaria ele ficar gripado, por exemplo, apenas para exemplificar com um fato banal da existência. Com relação a nossa própria mente, tampouco temos controle. Você não controla seus sentimentos, do contrário não ficaria zangado, ou triste. Você não controla o seu conhecimento, pois, se controlasse, você seria sem dúvida o gênio maior da humanidade, e já não teria lugar na sua estante para entulhar prêmios Nobel. Infelizmente, nós conhecemos apenas o que, com muito esforço e apesar de tudo, conseguimos conhecer, e não o que desejamos. Aliás, você não controla nem os desejos que passam pela sua mente, eles apenas surgem! E quantas vezes não são desejos inadequados, que você não teria se pudesse? Onde está então o controle? Se tivermos o mínimo de maturidade com relação ao entendimento da nossa mente, veremos que não a controlamos. Os mestres de yoga, portanto, não podem estar dizendo que devemos controla-la, e de fato não estão.

Em primeiro lugar, por que alguém desejaria controlar a mente? A resposta parece óbvia: porque ninguém quer se sentir frustrado, ou triste, ou irritado, e todas essas condições são condições da mente. Controlar a mente implicaria impedir todas essas condições de se manifestarem na mente e, portanto, eu me sentiria bem! Não é isso que todos estamos buscando: evitar todas essas emoções identificados com as quais nos sentimos mal? Não e por isso que precisamos tanto de diversões, de distrações, de drogas, de remédios? Pois é, mas yoga não segue essa mesma lógica.

Yoga não é como um remédio antidepressivo que impede que você tenha emoções. Yoga é aquilo que faz você compreender a si mesmo como distinto da mente, com todo o pacote de emoções incluído. E, se o yoga quer mostrar para você a sua distinção com relação à mente, por que ele estaria ao mesmo tempo interessado em fazer você controlar essa mente que é distinta de você? Pois, se você não está perdido na identificação com os processos mentais, você não tem nenhum interesse em controlá-los!

Isso é muito interessante. É comum na nossa sociedade, por exemplo, as pessoas em eventos sociais se embebedarem para poderem fazer e dizer coisas que elas não fariam e diriam sóbrias. Mas, muitas vezes – na maioria delas talvez – a pessoa está plenamente consciente de si, mas usa o álcool como uma desculpa para ter a licença para se comportar de modo diferente do que faria normalmente. Porque depois ela pode dizer, “Ah, aquilo? Mas eu estava completamente bêbado. Eu mesmo não faria aquilo.”

Se o eu sóbrio é diferente do eu bêbado, então eu não tenho nenhuma pressão por “controlar” o bêbado. Ele pode ser livre para fazer o que quiser, porque eu sou distinto dele. De modo similar, se eu sou distinto da minha mente, das minhas emoções, eu posso senti-las sem qualquer pressão por modificá-las. E precisamente essa é a liberdade de que o yoga fala. Não se trata de controlar a mente, mas de ter um conhecimento direto de si mesmo como a consciência distinta da mente, livre dos seus conteúdos.

Nirodha vem da raiz ‘rudh’ com o sentido de ‘avarana’, encobrir, envelopar, abraçar, etc. Em um primeiro momento, yoga é a capacidade de direcionamento da mente, como a capacidade da mente de “envelopar-se” no objeto de concentração, de modo a poder contemplar sobre ele sem interferência de pensamentos “externos”. Isso também é dito como o estado de direcionamento único, ekagrata, da mente. Mas, além disso, nirodha também é a capacidade emocional de abraçar a mente, isto é, de acolhe-la em todas os seus supostos “defeitos”, e conseguir olhar para ela com compaixão. E, quanto maior for a clareza do sujeito com relação à sua natureza livre da mente – clareza essa advinda do estudo das escrituras com a mente qualificada com ekagrata – maior será a sua capacidade de acolher a própria mente sem estar comprometido com ela, como quem compassivamente acolhe uma outra pessoa nos seus eventuais defeitos sem achar com isso que a pessoa mesma é defeituosa.


Texto retirado em 09/08/15 de http://www.vedantaonline.org/yoga-e-controle/

domingo, 17 de maio de 2015

10 ladrões de energia segundo Dalai Lama


   No Yoga existe um conceito chamado Brahmacharya que pode ser entendido como "não desperdiçar energia desnecessariamente", e muitas vezes nós desperdiçamos essa energia até de maneira inconsciente. Dalai Lama cita 10 "ladrões" da nossa energia, confira e use esta lista para tentar economizar a sua.



1- Evite pessoas que só vêm para compartilhar reclamações, problemas, histórias desastrosas, medo e julgamento dos outros. Se alguém está procurando um barco para levar seu lixo, tente não ser em sua mente.

2- Pague suas contas em dia. Ao mesmo tempo cobra a quem te deve ou deixe-o ir, se é impossível cobrar.

3- Mantenha suas promessas. Se você ainda não a cumpriu, pergunte-se por que você tem resistência. Você tem o direito de mudar sua mente, se desculpar, se compensar, negociar e oferecer mais uma alternativa para uma promessa quebrada; embora não deva ser um costume. A maneira mais fácil de evitar uma quebra uma promessa com algo que você não quer fazer é dizer NÃO desde o princípio.

4- Elimine sempre que possível ou delegue, tarefas que não quer fazer e dedique o seu tempo a fazer o que você gosta.

5- Permita-se descansar, se você está em um momento em que você precisa disso e permita-se agir, se você está em um momento de oportunidade.

6- Limpe, desentulhe e organize. Nada tirará mais energia de você do que um lugar confuso e cheio de coisas do passado que já não precisa de espaço.

7- Dê atenção a sua saúde. Se a máquina do seu corpo trabalha no máximo, não pode fazer muito. Tire algumas pausas.

8- Enfrente as situações difíceis que está passando, do resgate de um amigo ou membro da família, da tolerância de ações negativas de um casal ou um grupo; tome as medidas necessárias.

9- Aceite. Não é resignação, mas nada faz você perder mais energia do que resistir e lutar contra uma situação que não pode mudar.

10- Perdoe, deixe ir uma situação que está causando-lhe dor.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Yoga e o aumento da espiritualidade do bumbum duro

    Me deparei hoje com este título de post e fui ler já indignada.. até ver que era um texto muito interessante, e resolvi então compartilhar com vocês.

    Texto retirado de http://yogui.co/yoga-e-o-aumento-da-espiritualidade-da-bumbum-duro/ escrito por NICK SENECA JANKEL



    Quantos saem de um estúdio de yoga sentindo aquela felicidade pós-asana … em poucos minutos se irrita com o guardador do carro que lhe pede uma moeda enquanto procura suas chaves e quer responder o whatsapp? Este é apenas um sintoma de muitos, nessa ascensão meteórica da espiritualidade bumbum duro.

    Estima-se que mais de 20 milhões de pessoas fazem yoga nos EUA; e eles consomem na faixa de 27 bilhões de dólares anualmente em produtos de yoga. No entanto, quantos leram o Yoga Sutras de Patanjali; Bhagavad Gita (tão bom que Gandhi o chamou de “manual para a vida”); ou sabe que yoga significa “juntos” ou “união”?

    Em vez disso, marcas fizeram da yoga física uma opção de vida para aqueles que querem bunda tão dura como uma rocha com uma pitadinha de espiritualidade para sentir-se bem … desde que esta espiritualidade não incomode a zona de conforto da vida atual, seus dogmas, suas crenças, seu nível de consumo, suas idéias arraigadas.

    Este estilo de vida – espiritualidade do bumbum duro - oferece uma brisa no espírito sem precisar lidar com nosso lado obscuro e o condicionamento da cultura na qual vivemos.

    Não sou purista ou ascético; e vivo muito neste mundo. Eu amo design, vinhos finos e gosto de festas a noite toda. No entanto, eu suplico a comunidade de yoga para ir além da stévia e cabeças de Buddha produzidos em massa, ir além da simples espiritualidade do bumbum duro e desencadear o poder de mudar o mundo com sua prática.

    A menos que as pessoas enxerguem a yoga mais do que uma ferramenta ótima para uma bunda sexy – e meditação como uma forma apenas de ter sucesso profissional e pessoal – o verdadeiro poder destas sabedorias serão perdidas.

    Em vez disso, eles serão usados ​​para aprofundar as crises do capitalismo orientado a desconexão, distúrbios e vícios de drogas lícitas ilícitas … impactando na mudança climática e a distúrbios mundiais que é o oposto do caminho da yoga.

    Sim, yoga física pode lhe dar uma bunda dura, abdominais tanquinho e vibrações positivas. Ela também pode ser uma grande ‘porta de entrada’ para níveis mais profundos de auto-consciência e despertar.

    Mas se for apenas relegado para uma espécie de exercício pseudo-espiritual – girando com uma flor de lótus – pode alimentar hábitos dirigidos pelo ego; tornando-se um viciado, em uma zona de fuga da realidade e forma de provar proezas atléticas com asanas cada vez mais difíceis. O ego astuto é complicado e pode sequestrar nossas melhores intenções, especialmente quando ajudados por uma indústria que quer vender mais calças de yoga.

    A verdadeira Yoga pode nos curar desta falha. Yoga, meditação, danças sagradas são práticas de sabedoria: Eles são projetados para nos ajudar a praticar vivendo na conexão. Eles não são o fim em si, embora todos nós amamos um derriere bonito (em nós mesmos e nos outros). Eles são um meio para um fim; o fim em si é a libertação pessoal e emancipação social.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Os 5 estados da mente

     Segundo os Yoga Sutras de Patanjali Yoga é a inibição das flutuações mentais, ou seja:

"YOGA CHITTA VRITTI NIRODHAH"
Yoga Sutra 1:2

Chitta: Consciência
Vritti: Padrão circular, vórtice, ondulação
Nirodhah: Reter, cessar, restringir, pausar, bloquear

     Não existe uma maneira de cessar completamente as atividades mentais, mas existe como deixar estas atividades bem diminuídas. Conheça os 5 estados da mente (Chitta):

1- Kshipta: Mente inquieta, agitada. Neste estado existe uma predominância de RAJAS, a pessoa é incapaz de raciocinar, ouvir ou ficar calma, quieta. Se compara a um celeiro cheio cujas portas se arrebentam e os animais fogem sem rumo algum ou organização, assim são os seus pensamentos neste estado.

2- Mudha: Mente iludida, inerte e desatenta, devido ao excesso de TAMAS, a informação parece não chegar ao cérebro. Neste estado é onde você "perde" as coisas que estão na sua mão, ou seu óculos na cabeça.

3- Vikshpta: Mente distraída, intermitente, recebe as informações mas nem sempre é capaz de processá-las. Neste estado começa a ter a presença de SATTVA com influência de RAJAS. Neste estado o YOGA começa a ser possível.
     
4- Ekagra: Unipontual, concentrada, mente relaxada (mas não sonolenta). SATTVA começa a ser mais presente, a pessoa consegue focar e prestar atenção, podendo meditar. Uma boa prática ou aula de Yoga pode levar a mente a este estado.

5- Niruddha: Mente controlada, focada, sem distrações. Este estado pode ser alcançado na meditação ou quando a pessoa está absorta em alguma atividade. Neste estado não existe mais o domínio de nenhum guna, este estado está além dos gunas (Gunatita).

     
    Todos nós já sentimos estes três estados, B. K. S. Iyengar usava estes estados na prática de asanas, percebendo qual estado aquele asana promovia, tentando chegar sempre ao último estado.

    O objetivo do Yoga é promover os estados mais conscientes, e assim sua mente fica mais tranquila, sua respiração mais tranquila, suas ações mais retas e muito mais.


Boas práticas!

Juliana Romera

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Obstáculos da prática

"Os obstáculos são as distrações da mente causadas por: enfermidade,
apatia, dúvida, falta de entusiasmo, indolência, apego ao prazer, percepção errada.
instabilidade para praticar e manter a concentração.

Os sintomas da dispersão mental são o sofrimento, o desespero,
o nervosismo e a respiração irregular."
(Yoga Sutras 1:30-31)


     Patanjali traz nestes dois sutras os obstáculos da prática e o que estes obstáculos causam. Provavelmente todos os praticantes de YOGA se encaixam nestes obstáculos em algum momento, variando entre eles, tendo um ou mais deles em cada momento. O que nos mostra que o caminho é para todos, e os obstáculos são os mesmos para todos também. 
     
     A disciplina ajuda a contornar estes obstáculos, se você se deixa dominar por eles, sua prática fica extremamente irregular, e cada vez que você vence um deles, sua prática ganha mais força e constância. Quanto antes você perceber que está caindo nas armadilhas destes obstáculos, mais rápido você retorna às práticas, então a auto observação é a chave da questão.

     Observe que o segundo sutra escrito acima mostra o que você sente ao se deixar levar pelos obstáculos, e isso vai virando uma bola de neve, gerando mais obstáculos, mais frustrações, aí vem a apatia, você começa a se questionar ou se deixa levar pelo prazer, aí você sofre de novo... e assim vira esse círculo vicioso.

     Quanto mais você se afastar do caminho, mais difícil voltar para ele, então evite períodos longos sem prática, mesmo que seja uma prática curta, simples, todos passamos por momentos de instabilidade, mas não vivemos neles.

     Que tal praticar agora?

Jaya Ganesha

Juliana Romera

terça-feira, 31 de março de 2015

YOGA SUTRAS de Patanjali

     O Yoga Sutra de Patanjali é um texto bastante estudado no yoga. É um texto dividido em 4 capítulos, o primeiro fala sobre o que é o Yoga, o segundo sobre a prática, o terceiro sobre a evolução que você deve estar percebendo com a prática e o último fala sobre a libertação que o yoga proporciona.

     Podemos estudar apenas os 4 primeiros sutras que entenderemos a essência do Yoga.


1.1 Atha Yogánushásanam
Agora começa o Yoga

1.2 Yoga Chitta Vritti Nirodhah
Yoga é a diminuição das oscilações/flutuações/turbilhões da mente

1.3 Tadá Drashtuh Svarupe Vashthanam
Neste estado o Observador repousa em Sua própria natureza

1.4 Vritti Sarupyamitaratra
Em outro estado há a identificação do Observador com o objeto observado


     Patanjali começa com o sutra "Agora começa o Yoga". A palavra ATHA (traduzida aqui como AGORA) trás uma informação de que todo o conhecimento já foi aprendido, vivido e agora será explicado. Pode ser considerado como uma "reinstrução" de algo que nós, em essência, já sabemos, e está na hora de colocar em prática.
     Em seguida, Patanjali no segundo sutra, trás uma definição do Yoga, ou o objetivo do Yoga, dizendo que é a diminuição/inibição das flutuações mentais. "CHITTA" envolve mente, intelecto, percepções, etc, enfim, tudo que se refere à mente, então, sua inibição ou supressão não pode ser mental, pois a mente não pode acalmar/controlar a própria mente, o Yoga te trás ferramentas para essa inibição ser possível.
     VRITTI quer dizer vértice, rodamoinho, turbilhão. Nossos desejos e apegos não fazem os pensamentos flutuarem na mente, na realidade o nosso pensamento fica gravitando nestes desejos/apegos como rodamoinhos e assim estes pensamentos ficam incessantemente em torno do ego, perturbando CHITTA.
     NIRODHAH não significa inibição e sim intervalo. Entre os pensamentos existem intervalos, porém a agitação da mente não nos permite perceber que um pensamento termina e outro começa. Este intervalo entre os pensamentos é Nirodhah, e neste momento que o que você está se aproxima do que você é, e a dualidade cessa.
     O próximo sutra mostra que quando esta agitação mental existe esta percepção de não dualidade não acontece, então nós nos identificamos com o que estamos, e aí o sofrimento acontece. O Observador não se envolve com as experiências, apenas observa. Esta identificação com os acontecimentos gera o apego ao corpo, medo da morte, desejos, etc... enfim, geram o sofrimento.
    O Yoga nos dá ferramenta para lidar melhor com estes sofrimentos, se eu consigo não me identificar com eles eu entendo melhor os acontecimentos, e sofro menos.


"Se Deus existe ou não, não importa. O sofrimento existe, e este deve ser evitado"
                                                                                                      Kapila
     








domingo, 7 de dezembro de 2014

A filosofia e prática de trabalhar a partir da base em Iyengar Yoga

Por Frank Jesse
http://www.griffinshill.com.au/griffins-hill-retreat-blog/entry/the-philosophy-and-practice-of-working-from-the-base-in-iyengar-yoga

Iyengar yoga é uma prática que vai ajudar a aterrar você, fisicamente, emocionalmente e mentalmente. Uma das maneiras que alcançamos essa sensação de ser aterrado - abrandar, sendo mais focado, e tornando-se mais conscientes do que é mais importante para nós no dia-a-dia - é para voltar constantemente a trabalhar a partir da base da nossa postura (asana).

A base de um asana muda de acordo com a pose. Em Tadasana (postura da montanha), a base é de seus pés. Em Sirsasana (pouso sobre a cabeça), a base é a cabeça, braços e pulsos. Em Savasana (postura do cadáver), que é um pouco menos clara, pois todo o corpo está no chão, mas podemos nos concentrar nas peças que estão tocando o nosso tapete para nos alinhar corretamente.

A lógica de trabalhar a partir da base

A prática de Iyengar Yoga começa com aprender a trabalhar com as partes do nosso corpo que estão tocando nosso tapete; é a partir daqui que nós construímos o asana. Parece simples, mas assim que se dá uma instrução, como levantar os braços à altura dos ombros, é fácil perder a consciência da base. Por exemplo, em Urdhva Hastasana nós precisamos aprender a ligar o movimento de levantar os braços para a ação de aterramento através de nossos pés, e depois de estender completamente o corpo de nossos pés para nossas mãos. Isto não só traz leveza para a pose, gerando ação sem tensão, mas também ajuda a manter nossa mente totalmente presente e ajuda a alinhar o corpo corretamente.
Mas por que precisamos de fazer isso?

Há uma lógica. É realmente a única maneira que podemos trabalhar; estamos conectados com a gravidade para o chão e, sem ela, não podemos trabalhar da mesma forma. A base do asana é a nossa base, como a fundação de uma casa. Se você construir uma casa sobre fundações pobres, não importa o quão bonito suas paredes e janelas são, não será estável ou seguro.

Nossa base influencia o nosso alinhamento na postura - que é tão importante para manter o esforço de manter a postura mínima. Chamamos isso de "ação sem tensão"- realizar o asana com o esforço necessário, e não mais do que isso. Esforço sem esforço também implica que, enquanto o corpo trabalha em um nível muscular a mente sempre permanece calmo e focado e a respiração suave.

A diferença de alinhamento é muito profunda. Quando trabalhamos nossas pernas corretamente, por exemplo, em Tadasana, nosso peito levanta e abre, e os nossos braços cair naturalmente ao nosso lado, e em Urdhva Hastasana nossos braços se estendem sobre a nossa cabeça quase sem esforço.

A disciplina de trabalhar a partir da base

Treinando nossas mentes para estender nossos corpos a partir da base é uma disciplina. É como voltar nosso foco para a respiração, uma disciplina que requer prática constante.

Esta disciplina é, por si só, bastante "aterradora". Quando nossas mentes vagueiam de uma ideia para outra, de momento a momento, nós não nos sentimos aterrados, com foco.

Ela também fornece uma estrutura com a qual podemos trabalhar através de cada etapa do alinhamento da postura. Mais tarde, quando temos praticado uma postura com mais regularidade, o que aprendemos cada vez que praticamos é lembrado em um nível mais celular e o esforço mental de "segurar" o asana alivia.

Ela também funciona para nós em um nível energético - nos sentimos mais leves quando trabalhamos a partir da base, porque tudo está alinhado e acaba no lugar certo. Por exemplo, em Tadasana, se sua base é fraca, seus braços vão se sentir pesado quando você tenta levantá-los sobre sua cabeça.

Como podemos saber se não estamos conectados com a base

Essa percepção é gradual, quanto mais conectado você se sente, mais esses alinhamentos são percebidos.

No início, tentamos chegar ao asana com a mente, em vez de ouvir o nosso corpo.

Precisamos encontrar um pouco de humildade aqui, para tomar o tempo para aprender cada passo de cada postura, para não deixar nosso ego empurrar-nos para estar com pressa de chegar a pose final. Então, devemos dar um passo de cada vez. Se encontrarmos uma pose que é muito complexa para nós, deveríamos voltar a uma pose que é mais simples até compreender um pouco mais o corpo.

Precisamos obter os asanas básicos -como Tadasana e Dandasana - alinhado corretamente antes de dar o próximo passo. Não é possível fazer uma parada de mão corretamente se você não fizer isso no Urdhva Hastasana ou no Tadasana.

Se a base não é firme, vamos nos movimentar, sentir instável, fraco ou forte.

A base é a nossa base, literal e figurativamente. À medida que praticamos yoga diariamente o nosso conhecimento ou entendimento também é construída a partir de uma base firme.

De acordo com Patañjali, (sutra II.46) asana é, asanam sthira sukham, "O asana deve ser firme e confortável".

Trabalhando a partir da base em Tadasana

1) Fique em pé com os pés juntos, dedões dos pés e tornozelos se tocam. Pés apontando para a frente

2) Aprenda a se espalhar com as bolas dos pés e pressione uniformemente através das bordas internas e externas de seus pés

3) Distribua o peso igualmente através de ambos os pés e levante o arcos dos pés.

4) As patelas devem se mover para cima e se certifique de que elas apontam para a frente

5) Levante fortemente através das coxas

6) Pressione os ossos da coxa com a musculatura anterior e a posterior.

7) Mantenha pelve em posição neutra (leve o osso púbico em direção do umbigo). Isso não está se inclinando para a frente ou para trás. Quando a pelve está perto de uma posição neutra, a sínfise púbica e borda superior da pelve será no mesmo plano vertical.

8) Mantenha as cristas ilíacas paralelas ao chão e à sua frente.

9) Levante e cresça através do abdômen

10) Levante e caixa torácica. Amplie para "abrir" o peito

11) Ombros se direcionam para longe das orelhas, os dedos das mãos apontam forte para o chão (sem tensão nos ombros ou escápulas)

12) Olhe para a frente sem inclinar a cabeça para trás. Levante-se através da base do crânio, enquanto manter seu nível de olhar e olhos suaves. R

13) Aprenda a se conectar e observar todas as ações em relação à base (pés, neste caso)

Quando somos capazes de espalhar a nossa consciência em todo o asana desde os pés até a coroa da cabeça com perfeita firmeza do corpo, da firmeza do intelecto e benevolência de espírito esta é a mediação na ação, a própria essência Iyengar Yoga.






























































terça-feira, 26 de agosto de 2014

Mas afinal, o que é Yoga?


   O Yoga está muito além de flexibilidade e contorcionismos do nosso corpo, o Yoga é um estilo de vida que todos podem ter.

   O maior objetivo do Yoga é se libertar (moksa). Se libertar de condicionamentos e crenças que impedem nosso crescimento, nossa plenitude e felicidade.

   Jaideva Siṅgh, no comentário doVijñānabhairava (texto de Tantra) diz:
   "A palavra Yoga é usada tanto no sentido de união (com o Divino) como no de veículo para essa união.     [...] Desafortunadamente, nenhuma palavra foi tão profanada nos tempos modernos como a palavra Yoga. Andar sobre o fogo, tomar ácido lisérgico, parar o batimento cardíaco, etc. se consideram Yoga quando, a bem da verdade, não têm nada a ver com ele. Mesmo os poderes psíquicos [siddhis] não são Yoga. Yoga é consciência; transformação da consciência humana em consciência divina."

   Krishna no Bhagavad Gita diz: “Yoga é habilidade nas ações”, porém, habilidade em quais ações? Se pensarmos em um atleta, ele é hábil em determinadas ações, mas isto não faz dele um yogi. Devemos entender esta habilidade, ou perfeição, como fluir harmoniosamente de acordo com o dharma, aceitar o que é imposto da melhor maneira, aceitar sem julgar o que a vida lhe apresentar. Existe felicidade ou realização maior do que esta? Aceitar as coisas sem esperar resultados? Esta é a verdadeira liberdade.

   Quando Patanjali diz nos Yoga Sutras que “Yoga é a inibição das flutuações mentais”, de certa forma também está ligada com esta liberdade. Uma mente mais tranquila enxerga as coisas de maneira mais clara, e o discernimento está mais presente.

   O Yoga está muito além dos asanas, existe todo um pano de fundo para eles. Existe sua conduta interna, sua conduta com o mundo. Por isso não devemos dizer que fazemos yoga, pois yoga não se faz, se vive.

   Todos os passos do Yoga têm sua função, porém deve-se viver todo o processo, e assim buscar a libertação.




Juliana Romera

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Os 5 Kleshas

Kleshas são as causas do sofrimento humano, e Patanjali, nos Yoga Sutras, conseguiu reduzí-las a cinco:

"AVIDYA ASMITHA RAGA DVESHA ABHINIVESHA PANCHA KLESHAHA"

"A IGNORÂNCIA, O EGOÍSMO, O APEGO A AVERSÃO E O MEDO DA MORTE 
SÃO AS CAUSAS DO SOFRIMENTO HUMANO"

Yoga Sutra 2.3

AVIDYA - Ignorância
Esta é a raiz de todo o sofrimento, o fato de não conhecer ou entender que o que você é é diferente do que você está (e se identificar com isso) causa sofrimentos, essa identificação com o que você está faz você levar tudo para o lado pessoal, e o que acontecer com seu corpo e emoções te abala profundamente (sofrimento).

ASMITA - Egoísmo
O egoísmo nada mais é do que esta identificação com o que você está. O ego tem sua função, de fazer você se relacionar com o meio (vida prática), mas ele deve ser apenas isso, e não o comandante.

RAGA - Apego
O apego também vem dessa identificação, pois à partir do momento que me identifico e acredito que eu sou aquilo, eu preciso das coisas para me manter, sejam bens materiais, emoções ou sentimentos, e passo a achar que dependo das coisas.

DVESHA - Aversão
Aquilo que não me agrada eu tenho aversão. Se eu acho que algo deve ser meu e eu não tenho, eu passo a criar esse sentimento de aversão. Mais uma vez vem da identificação, que gera o egoísmo, que gera o apego e quando eu perco, eu sofro.

ABHINIVESHA - Medo da Morte
Com essa identificação com nosso corpo, com nossa personalidade, com o que estamos, o medo de que isso acabe é inevitável. O medo do desconhecido devido à nossa ignorância em relação à verdade é mais uma vez a raiz de todo nosso sofrimento.


Se você parar para pensar no que te faze sofrer, vai perceber que a cauda será uma dessas, em graus diferentes, mascaradas, camufladas, mas sempre estes.


Reflita!


Juliana Romera








terça-feira, 19 de agosto de 2014

Os oito passos do YOGA

O Yoga foi decodificado por Patanjali, e ele dividiu o YOGA em 8 partes ou passos, sendo eles:

1 - YAMAS (como o Yogi deve se relacionar com o mundo)
  • Ahimsa - Não violência
  • Satya - Não mentir
  • Asteya - Não roubar
  • Brahmacharya - Contenção da energia
  • Aparigraha - Não cumular sem necessidade
2 - NYAMAS (como o Yogi deve se comportar com ele mesmo)
  • Saucha - Pureza / Limpeza
  • Santosha - Contentamento
  • Tapas - Disciplina
  • Swadyaya - Estudo de si mesmo
  • Ishwara Pranidhana - Auto entrega / Fé
3 - ASANAS (posturas psicofísicas)

4 - PRANAYAMAS (Expansão da energia vital - prana - através da respiração)

5 - PRATYAHARA (Introspecção dos sentidos)

6 - DHARANA (Concentração)

7 - DHYANA (Meditação)

8 - SAMADHI (Iluminação / auto realização)

Fica aqui a reflexão do quanto você se dedica ao Yoga, já que grande parte dos praticantes se restringem aos ASANAS e alguns exercícios respiratórios.

Aprofunde-se, mergulhe no YOGA!


Juliana Romera