Quando se fala em Iyengar Yoga e seus alinhamentos nas posturas, a primeira coisa que vem à cabeça é um alinhamento do corpo físico a fim de equilibrar e proteger articulações, músculos, órgãos, vasos e tecidos, o que não deixa de ser verdade.
Porém existe um aspecto muito mais sutil por detrás disso. De acordo com textos e mestres de Yoga, nós somos formados por "camadas de corpos" (chamados koshas), que são divididos didaticamente, mas o corpo é um só.
O corpo mais denso é chamado de Anamayakosha, que é nosso corpo físico. Nele os alinhamentos citados acima se encaixam. É onde podemos atuar, já que temos fácil acesso a ele. Depois temos Pranamayakosha, o corpo energético (prana) e Manomayakosha (corpo mental), existem outros mas vamos falar sobre estes 3, que são mais fáceis de entender pois são conceitos mais próximos à nossa realidade.
Como dito acima, esta divisão é apenas didática, o corpo não tem separação física desdes koshas, então, o que acontece em um, reflete diretamente nos outros. E é aqui que os alinhamentos ficam com um outro nível de profundidade.
O mais denso e acessível é o corpo físico (Anamayakosha) e é onde podemos atuar mais diretamente. Os alinhamentos de Iyengar Yoga então vão proporcionar um alinhamento do corpo, proporcionando então um fluxo energético melhor, sem obstruções, e assim a minha mente também se estabiliza. O inverso também ocorre, se minha mente está muito inquieta, minha energia não está fluindo bem e isso afeta também o meu corpo. Um exemplo simples para percebermos isso é ter um dia muito agitado e cheio de compromissos e problemas e realizar uma postura de equilíbrio, fica muito difícil alinhar o corpo com a mente inquieta.
Corpo alinhado, energia flui naturalmente (respiração fica tranquila, sem obstruções) e a mente se aquieta.
Além disso, a "preocupação" em alinhar o corpo durante a prática, faz com que o seu foco nela seja maior, não dá tempo de dispersar se eu preciso pensar em manter minhas patelas para cima, osso púbico para cima, ombros girando para trás, cotovelos estendidos, etc... e assim sua prática vai se tornando cada vez mais introspectiva.
Juliana Romera