domingo, 31 de agosto de 2014

OM OM OM

Normalmente iniciamos uma prática ou uma aula de Yoga entoando 3 vezes o Mantra OM, mas você já se perguntou o porquê disso?

A resposta é simples, estes 3 OM servem para desatarmos nossos 3 Granthis.

O que são os Granthis?
Os Granthis nada mais são do que "nós" psico/emocionais/energéticos que temos ao longo do Sushuma Nadhi, que fica localizado na nossa coluna.
O objetivo maior do Yoga é fazer com que a energia localizada na base da coluna suba até o topo da cabeça, através do Sushuma Nadhi, porém estes Granthis são como barreiras para essa energia fluir.



Brahma GranthiEstá localizado na região do Muladhara Chakra (base da coluna). Esse primeiro nó energético faz com que a relação do homem com os aspectos básicos não fluam naturalmente, com isso esse Granthi mantém a pessoa apegada ao mundo físico/material/emocional e aos seus aspectos mais densos.

Vishnu Granthi

Está localizado na região do Anahata Chakra (atrás do coração). Esse segundo nó faz com que o homem selecione os objetos a serem amados e cria apego por estes, impedindo o equilíbrio das emoções.

Shiva Granthi (ou Rudra Granthi)
Está localizado na região do Ajña Chakra (centro do cabeça). Esse nó faz com que o homem se perca na intelectualidade vazia e estéril, deixando a mente fique sempre agitada.

Entoar 3 vezes o mantra OM mentalizando estes 3 pontos, é o primeiro passo para removê-los, e é claro, muita prática.



Isis Kohl
Juliana Romera

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Mas afinal, o que é Yoga?


   O Yoga está muito além de flexibilidade e contorcionismos do nosso corpo, o Yoga é um estilo de vida que todos podem ter.

   O maior objetivo do Yoga é se libertar (moksa). Se libertar de condicionamentos e crenças que impedem nosso crescimento, nossa plenitude e felicidade.

   Jaideva Siṅgh, no comentário doVijñānabhairava (texto de Tantra) diz:
   "A palavra Yoga é usada tanto no sentido de união (com o Divino) como no de veículo para essa união.     [...] Desafortunadamente, nenhuma palavra foi tão profanada nos tempos modernos como a palavra Yoga. Andar sobre o fogo, tomar ácido lisérgico, parar o batimento cardíaco, etc. se consideram Yoga quando, a bem da verdade, não têm nada a ver com ele. Mesmo os poderes psíquicos [siddhis] não são Yoga. Yoga é consciência; transformação da consciência humana em consciência divina."

   Krishna no Bhagavad Gita diz: “Yoga é habilidade nas ações”, porém, habilidade em quais ações? Se pensarmos em um atleta, ele é hábil em determinadas ações, mas isto não faz dele um yogi. Devemos entender esta habilidade, ou perfeição, como fluir harmoniosamente de acordo com o dharma, aceitar o que é imposto da melhor maneira, aceitar sem julgar o que a vida lhe apresentar. Existe felicidade ou realização maior do que esta? Aceitar as coisas sem esperar resultados? Esta é a verdadeira liberdade.

   Quando Patanjali diz nos Yoga Sutras que “Yoga é a inibição das flutuações mentais”, de certa forma também está ligada com esta liberdade. Uma mente mais tranquila enxerga as coisas de maneira mais clara, e o discernimento está mais presente.

   O Yoga está muito além dos asanas, existe todo um pano de fundo para eles. Existe sua conduta interna, sua conduta com o mundo. Por isso não devemos dizer que fazemos yoga, pois yoga não se faz, se vive.

   Todos os passos do Yoga têm sua função, porém deve-se viver todo o processo, e assim buscar a libertação.




Juliana Romera

Os 3 compartimentos

Todos nós temos a vida dividida em 3 compartimentos: Mental/Emocional, Físico e Espiritual, porém a dificuldade em encaixar as coisas no compartimento correto é grande.

Entender quando um problema vem do lado material, quando ele tem origem emocional/mental ou é algo espiritual, faria com que nós resolvêssemos este problema de forma mais eficaz.

Temos um problema físico, e procuramos uma religião. Temos um problema emocional, corremos para comer ou comprar. Temos um problema financeiro, e entramos em depressão. Esta confusão é mais comum do que se pode imaginar, pois entender a verdadeira origem do problema requer enxergar coisas que nós mesmos tentamos esconder (de nós mesmos).

Esta auto análise deve ser verdadeira, e devemos ter coragem para entender o real foco do sofrimento, e poder corrigi-lo de forma eficiente.

Muitos problemas emocionais, às vezes bem sutis, se camuflam de qualidades e nós deixamos de lado, pois pensamos ser virtudes. Camuflamos tristeza como cansaço por excesso de trabalho, medo como cautela, ser mercenário como ser ambicioso, e muitos outros.

Pense sinceramente se você nunca comprou quando sentiu solidão, mesmo cercado de pessoas, se nunca comeu sem estar com fome em algum momento de angústia, ou qualquer outro exemplo. Comece a refletir um pouco mais antes de agir, faça disso um exercício, e tente acertar o compartimento na hora de buscar uma solução.

Se guardamos cada documento na sua respectiva gaveta, tudo sempre estará organizado, faça isso com sua vida também!


Juliana Romera

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

As 3 peneiras de Sócrates


Um rapaz procurou Sócrates e disse-lhe que precisava contar-lhe algo sobre alguém.

Sócrates ergueu os olhos do livro que estava lendo e perguntou:
- O que você vai me contar já passou pelas três peneiras?
- Três peneiras? - indagou o rapaz.
- Sim! A primeira peneira é a VERDADE.
O que você quer me contar dos outros é um fato?
Caso tenha ouvido falar, a coisa deve morrer aqui mesmo.
Suponhamos que seja verdade.
Deve, então, passar pela segunda peneira: a BONDADE.
O que você vai contar é uma coisa boa?
Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo?
Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar ainda pela terceira peneira: a NECESSIDADE.
Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta?
Arremata Sócrates:
- Se passou pelas três peneiras, conte!!! Tanto eu, como você e o próximo iremos nos beneficiar.
Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos, colegas do planeta.

Pense um pouco mais antes de falar sobre algo ou alguém! Muitas vezes, o silêncio é uma benção.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Por que não posso beber água durante a prática?

Para entendermos isso primeiro precisamos conhecer os Vayus.

A palavra Vayu significa vento, e são energias que circulam em diferentes regiões do corpo e possuem diferentes funções. Falaremos aqui sobre os 5 principais (Prana, Apana, Samana, Udana e Vyana Vayu).

1 - PRANA VAYU
Se localiza entre a garganta e o diafragma e controla a fala, os batimentos cardíacos, a circulação e a respiração.

2 - APANA VAYU
Se localiza na região abaixo do umbigo e controla todas as funções de eliminação (exalação, menstruação, nascimento, eliminação de urina e fezes).

3 - SAMANA VAYU
Está localizada entre o coração e o umbigo, controlando todo o sistema digestório, todas as funções de absorção e assimilação. É responsável também por harmonizar Prana e Apana além de auxiliar o coração e o sistema circulatório.

4 - UDANA VAYU
Fica entre a garganta e o topo da cabeça, controlando os órgãos acima da garganta (olhos, nariz, ouvidos e cérebro). Rege os atos de tossir, engasgar, soluçar e engolir. Este vayu é responsável também pelos receptores sensoriais.

5 - VYANA VAYU
Se move pelo corpo todo, levando o prana para cada célula do corpo. Atua sobre a circulação, pensamentos, músculos e juntas. É responsável por manter o corpo ereto, movimentos e coordenação.

Conhecendo os Vayus e suas funções fica fácil de compreender o trabalho energético do Yoga, pois ao realizarmos asanas e pranayamas nós mudamos a direção normal dos Vayus, fazendo APANA VAYU que flui para baixo, fluir para cima (energia da base da coluna para o topo da cabeça).

A inspiração consciente faz o prana fluir para baixo, abrindo a boca do sushuma nadi (localizada na base da coluna). O movimento de elevação do assoalho pélvico conduza APANA VAYU para cima, através da boca do sushuma que agora está aberto. Com o movimento da respiração, de elevar o diafragma e do abdome ser sugado para dentro, PRANA, APANA e SAMANA VAYUS unem-se no sushuma nadí.

Ao beber algo, comer algo ou ir ao banheiro os vayus precisam voltar para suas funções iniciais, e fluir na direção natural deles, com isso, todo o trabalho energético desta inversão dos Vayus é perdida, neutralizando os aspectos mais sutis, importantes e profundos da prática.

O ideal é não consumir nada um tempo antes da prática (ou jejum), para que você não precise ir ao banheiro logo após a prática, e deixar essa inversão dos vayus agir por um tempo. Cerca de 30 minutos depois os vayus já voltaram às suas funções, e você já absorveu os benefícios importantes da prática.


Juliana Romera




quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Os 5 Kleshas

Kleshas são as causas do sofrimento humano, e Patanjali, nos Yoga Sutras, conseguiu reduzí-las a cinco:

"AVIDYA ASMITHA RAGA DVESHA ABHINIVESHA PANCHA KLESHAHA"

"A IGNORÂNCIA, O EGOÍSMO, O APEGO A AVERSÃO E O MEDO DA MORTE 
SÃO AS CAUSAS DO SOFRIMENTO HUMANO"

Yoga Sutra 2.3

AVIDYA - Ignorância
Esta é a raiz de todo o sofrimento, o fato de não conhecer ou entender que o que você é é diferente do que você está (e se identificar com isso) causa sofrimentos, essa identificação com o que você está faz você levar tudo para o lado pessoal, e o que acontecer com seu corpo e emoções te abala profundamente (sofrimento).

ASMITA - Egoísmo
O egoísmo nada mais é do que esta identificação com o que você está. O ego tem sua função, de fazer você se relacionar com o meio (vida prática), mas ele deve ser apenas isso, e não o comandante.

RAGA - Apego
O apego também vem dessa identificação, pois à partir do momento que me identifico e acredito que eu sou aquilo, eu preciso das coisas para me manter, sejam bens materiais, emoções ou sentimentos, e passo a achar que dependo das coisas.

DVESHA - Aversão
Aquilo que não me agrada eu tenho aversão. Se eu acho que algo deve ser meu e eu não tenho, eu passo a criar esse sentimento de aversão. Mais uma vez vem da identificação, que gera o egoísmo, que gera o apego e quando eu perco, eu sofro.

ABHINIVESHA - Medo da Morte
Com essa identificação com nosso corpo, com nossa personalidade, com o que estamos, o medo de que isso acabe é inevitável. O medo do desconhecido devido à nossa ignorância em relação à verdade é mais uma vez a raiz de todo nosso sofrimento.


Se você parar para pensar no que te faze sofrer, vai perceber que a cauda será uma dessas, em graus diferentes, mascaradas, camufladas, mas sempre estes.


Reflita!


Juliana Romera








terça-feira, 19 de agosto de 2014

Os oito passos do YOGA

O Yoga foi decodificado por Patanjali, e ele dividiu o YOGA em 8 partes ou passos, sendo eles:

1 - YAMAS (como o Yogi deve se relacionar com o mundo)
  • Ahimsa - Não violência
  • Satya - Não mentir
  • Asteya - Não roubar
  • Brahmacharya - Contenção da energia
  • Aparigraha - Não cumular sem necessidade
2 - NYAMAS (como o Yogi deve se comportar com ele mesmo)
  • Saucha - Pureza / Limpeza
  • Santosha - Contentamento
  • Tapas - Disciplina
  • Swadyaya - Estudo de si mesmo
  • Ishwara Pranidhana - Auto entrega / Fé
3 - ASANAS (posturas psicofísicas)

4 - PRANAYAMAS (Expansão da energia vital - prana - através da respiração)

5 - PRATYAHARA (Introspecção dos sentidos)

6 - DHARANA (Concentração)

7 - DHYANA (Meditação)

8 - SAMADHI (Iluminação / auto realização)

Fica aqui a reflexão do quanto você se dedica ao Yoga, já que grande parte dos praticantes se restringem aos ASANAS e alguns exercícios respiratórios.

Aprofunde-se, mergulhe no YOGA!


Juliana Romera